segunda-feira, 29 de novembro de 2010


É a moça no espelho. Ela está mais uma vez chorando, e eu não sei como fazê-la parar. Ela não é bonita o suficiente, nem tão legal, esperta ou divertida. Ela não é especial o suficiente. Ela simplesmente não é o suficiente, não é boa o bastante. Não, ela não é perfeita. Olhe as roupas que ela usa, olhe o seu cabelo. Ela é apenas uma moça estranha em meu espelho.
Eu queria poder ajudá-la, calar seus prantos. A moça no espelho me olha com olhos inseguros. Eles escondem todas as suas mágoas e decepções, escondem todo um passado que ela tem medo de relembrar. Mas ela é assim, a moça no espelho. Prefere se esconder em risos intactos a mostrar suas lágrimas, mas eu as vejo.
A moça no espelho me mostra todos os dias seu lamento, é silencioso, faz doer... E ela mais uma vez me olha pedindo ajuda, tentando sair do seu mundo não aguentando a realidade. Eu não posso salvá-la, por mais que eu tente. A moça no espelho me olha e parece culpar-me por toda sua dor. Ela estende a sua mão e eu estendo a minha, ‘Quem é essa moça, vivendo a minha vida?’ Ela se pergunta. E quando as nossas mãos parecem se tocar, o espelho parece sorrir pra nós, e a nossa dor se torna a mesma.

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